Pesquisa do CDTN comprova presença de partículas de Covid-19 em aerossóis atmosféricos no ar
12 de fevereiro de 2021
Estudo exploratório da instituição vinculada à Comissão Nacional de Energia Nuclear reforça a necessidade do uso de máscaras e distanciamento social em todas ocasiões, e ventilação cruzada em ambientes fechados
Pesquisador Ricardo Passos e equipamento de coleta de amostras | Foto: Antônio Pereira Santiano/CDTN
Pouco explorado pela comunidade científica, o monitoramento dos aerossóis atmosféricos permitiu mapear a presença e o trajeto do vírus no ar e pode auxiliar na prevenção e no aperfeiçoamento das medidas de segurança. Desde maio de 2020, o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), instituição ligada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) analisa as partículas microscópicas e invisíveis e sua presença no ar, observando como o coronavírus se locomove por seu baixo peso e sua baixa massa.
Os aerossóis foram investigados porque devido ao pequeno diâmetro de suas partículas inaláveis , o vírus pode permanecer suspenso no ar por horas e se acumular com o tempo. Foram coletadas 62 amostras entre maio e agosto de 2020, 52 delas em ambientes externos e internos de dois hospitais de Belo Horizonte (MG), não identificados, com infraestrutura diferentes para controle de contaminação; tanto em áreas dedicadas a pacientes com suspeita ou infectados com Covid-19, quanto em áreas sem pacientes confirmados ou suspeitos com a doença. As outras dez amostras foram coletadas nos espaços públicos da cidade de Belo Horizonte.
Embora observada em instalações hospitalares, que são ambientes controlados, a presença do SARS-CoV-2 em aerossóis chama a atenção para outros ambientes. O estudo reúne evidências da possibilidade maior de dispersão do vírus em espaços fechados com circulação de ar insuficiente, nos quais a taxa de troca de ar costuma ser muito menor do que o necessário, na presença de indivíduos tossindo, espirrando, gritando ou em atividades expiratórias intensas, especialmente quando os protocolos de uso de máscara e distanciamento não são respeitados.
Em ambientes externos, as amostras de ar foram todas negativas para o RNA SARS-CoV-2. A hipótese é que os riscos sejam mais reduzidos nesses espaços abertos devido à alta dispersão que pode ocorrer com os aerossóis.
A pesquisa de monitoramento de aerossóis atmosféricos é conduzida pelo pesquisador do Serviço de Análise e Meio Ambiente do CDTN, Ricardo Gomes Passos, em conjunto com a pesquisadora Marina Bicalho Silveira. A pesquisa conta ainda com o apoio dos servidores do CDTN Márcio Tadeu Pereira, Pablo Grossi e Edson da Silva.
O monitoramento da locomoção das partículas nos aerossóis atmosféricos tem como objetivo analisar a transmissão do vírus para além das gotículas de saliva, cuja transmissão é evitada com o distanciamento social, afinal as distâncias que as partículas suspensas no ar podem atingir tendem a serem maiores. Segundo o pesquisador Ricardo Gomes Passos, “esses aerossóis são formados até mesmo durante a fala, grito, canto, respiração e tosse de uma pessoa contaminada, principalmente se não estiver de máscara, ou pela evaporação de parte dessas gotículas visíveis, que sofrem redução de tamanho e passam a ser invisíveis e ‘flutuarem’ no ar”.
Além da pesquisa voltada ao combate à pandemia, o CDTN também analisará os aerossóis nas estações de tratamento de esgoto e nas casas de pessoas com Covid-19, a fim de aferir os riscos de transmissão nesses locais, e projetar estratégias de cuidado e prevenção do contágio pelo ar.
As análises tiveram colaboração do Laboratório de Vírus da Universidade Federal de Minas Gerais, e os resultados foram publicados no periódico “Environmental Research”, em inglês, sob título “Exploratory assessment of the occurrence of SARS-CoV-2 in aerosols in hospital facilities and public spaces of a metropolitan center in Brazil”. Acesse o link para acesso e download gratuito: https://authors.elsevier.com/a/1cWmQ_KHpop46
Notícia de maio de 2020: CDTN utiliza monitoramento de aerossóis atmosféricos para traçar a rota e combater o coronavírus no ar
Por Agatha Azevedo e Deize Paiva, da Assessoria de Comunicação do CDTN
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