CDTN/CNEN fornece radiofármaco para hospital em São Luís (MA)
16 de junho de 2020
Pela primeira vez, unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em Belo Horizonte (MG), atende cliente na capital do Maranhão, na região Nordeste do país
Radiofármacos produzidos para envio para São Luís (MA) | Foto: Acervo/UPPR/CDTN
No cenário de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), várias clínicas e hospitais brasileiros deixaram de ter as demandas por radiofármacos supridas. Isso porque o envio destes medicamentos depende do transporte realizado pelas companhias aéreas comerciais. Com a redução drástica do trafego aéreo, o envio dos radiofármacos ficou comprometido e o número de pacientes que aguarda esses itens é crescente.
Na última terça-feira, 9, o CDTN conseguiu iniciar o fornecimento para um hospital particular em São Luís, no Maranhão. Com o apoio da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), o envio do radiofármaco Fludesoxiglicose (18F) foi feito. Comercialmente registrado como Radioglic®, ele é produzido na Unidade de Pesquisa e Produção de Radiofármacos (UPPR) do Centro desde 2008. Esse radiofármaco é utilizado principalmente no diagnóstico e acompanhamento do tratamento de pacientes oncológicos por meio da Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET).
Uma companhia aérea comercial iniciou recentemente o transporte de radiofármacos, um serviço não ofertado anteriormente, com um voo direto de Belo Horizonte (MG) a São Luís (MA) em horário comercial. Aliada a essa disponibilidade, com o esforço da equipe da UPPR, foi possível adequar a produção para o envio de longa distância. Essas condições favoráveis possibilitaram o atendimento da demanda.
O Fludesoxiglicose (18F) possui 109,7 minutos de meia-vida. De acordo com a chefe substituta da Unidade de Pesquisa e Produção de Radiofármacos do CDTN, Marina Bicalho, o envio para longas distâncias é desafiador. “Sempre houve muita dificuldade em distribuir os radiofármacos para outros estados. Devido à meia-vida curta e às restrições de horário, a logística de fornecimento para locais distantes é complexa. Além disso, os radiofármacos são classificados como carga perigosa e são muitos os entraves durante o transporte. O principal deles está relacionado ao tempo para embarque e desembarque da carga nos aeroportos”.
Na última semana, um voo direto saiu de Belo Horizonte às 10h50 até São Luís na terça-feira e quarta-feira. O radiofármaco chegou ao centro hospitalar maranhense por volta das 15h30. Lá, foi possível realizar o exame PET de quatro pacientes. Esse número poderá subir para seis pacientes por dia assim que toda logística estiver alinhada.
Com o êxito do primeiro envio, por ora, a continuidade do serviço deve ser mantida por cerca de três vezes por semana. A disposição de voos federais e estaduais para atendimento de demandas acumuladas em serviços de medicina nuclear de outras cidades está em análise pelos órgãos públicos competentes.
A Unidade de Pesquisa e Produção de Radiofármacos do CDTN
O Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), unidade vinculada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), foi a primeira unidade produtiva do país a obter registro para a comercialização do Fludesoxiglicose (18F).
Os radiofármacos são utilizados em diagnósticos e terapias, principalmente na área de oncologia. Produtos como o Radioglic® são usados em exames de tomografia por emissão de pósitrons (PET). Assim, o fornecimento desses produtos é um serviço essencial por ser voltado para pacientes em diferentes estágios de doenças, sobretudo câncer.
Com o início das medidas de afastamento social no âmbito de toda a Comissão Nacional de Energia Nuclear, a UPPR manteve uma equipe mínima para conseguir manter as produções diárias e atender as demandas de todos os clientes. De forma geral, houve uma queda no número diário de pacientes que procuraram as clínicas para realização dos exames, mas todos mantiveram os serviços de medicina nuclear funcionando mesmo com a pandemia – ainda que em número reduzido.
Equipamento da UPPR | Foto: Acervo UPPR/CDTN
Por Deize Paiva, da Assessoria de Comunicação
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