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Projeto selecionado pela Fapemig para o Rio Pandeiros

Rio Pandeiros, no norte de Minas, importante afluente do Rio São Francisco

Pesquisa estuda movimentos das águas utilizando radiotraçadores

Com o título “Estudo da Influência de Interferentes sobre Fontes de Água Subterrânea para a Bacia do Rio Pandeiros” um grupo de pesquisadores, sob a chancela do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), foi selecionado no Edital 04/2015 da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) para receber cerca de 370 mil reais em apoio à pesquisa. O grupo, coordenado pelo pesquisador Rubens Martins Moreira, é composto também por Carlos Alberto de Carvalho Filho, Paulo Sérgio Pelógia Minardi, Amenônia Maria Ferreira Pinto, todos do CDTN, e pela Profª. Cristina Helena Ribeiro Rocha Augustin, do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (IGC-UFMG).

Por iniciativa de parceria entre a FAPEMIG, a Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig), o Instituto Estadual de Floresta (IEF) e o Ministério Público, o edital disponibilizou cerca de 1,4 milhão para pesquisas sobre a “Sustentabilidade da Bacia do Rio Pandeiros”. Com duas linhas temáticas: (1) meio ambiente, sustentabilidade e biodiversidade e (2) projetos socioambientais e de inclusão socioprodutiva, o objetivo do Edital é apoiar a preservação, conservação e recuperação do meio ambiente na Bacia Hidrográfica do Rio Pandeiros.

Situado no norte de Minas Gerais, o Rio Pandeiros é um importante afluente do Rio São Francisco e destaca-se por sua diversidade, beleza e pulsação vital. Mas, seus recursos hídricos superficiais, suas veredas e encostas vêm sofrendo um processo degradação, devido a fatores decorrentes da ação humana e, até mesmo, naturais. Para conter e reverter esta dinâmica danosa é fundamental o conhecimento científico dos processos atuantes, tanto na bacia quanto no seu entorno. Para os estudos propostos pelo grupo coordenado por Rubens Martins Moreira, a principal chave pode estar na compreensão de sua dinâmica hídrica, a partir de suas águas subterrâneas.

Para o grupo, um dos problemas ambientais mais perceptíveis na bacia do Rio Pandeiros é a ocorrência de intensa erosão. Ela seria resultante tanto de um aumento natural da declividade na bacia pelo sistema de drenagem, quanto da retirada relativamente rápida da cobertura de cerrado e das veredas, com efeitos na bacia como sistema hídrico e ecológico. Isto, para os pesquisadores, trouxe entre outros resultados, uma expressiva erosão e a formação de voçorocas.

Este intenso processo de erosão teria ocorrido nas áreas de declive e provocado o que eles chamam de “voçorocamento”. Como consequência do assoreamento que disso decorre há o aumento do escoamento superficial das águas de precipitação em detrimento da sua infiltração nos leitos, comprometendo a realimentação dos aquíferos e fazendo com que essa diminuição impacte o ecossistema. As causas dessa erosão e sua progressão podem estar operando fora das áreas da bacia. O CDTN, juntamente como IGC/UFMG, foi contemplado em edital anterior da FAPEMIG e já participa de outro projeto na mesma área para realizar a medição e definição da causa destes processos.

Aprofundamento

Neste segundo edital estão contempladas as questões relativas à hidrologia subterrânea, seu papel e os impactos que sofre. Para tanto, o grupo previu utilizar a metodologia de traçadores naturais estáveis e traçadores radioativos de baixa intensidade (Trítio), bem como análises químicas e radioquímicas praticadas nos laboratórios do CDTN. Pretende-se, deste modo, definir e quantificar os parâmetros que definem a dinâmica do fluxo subterrâneo, bem como o seu inter-relacionamento com as águas superficiais e os processos aí existentes. Outro enfoque que possibilita a metodologia dos traçadores radioativos é a investigação da influência mútua entre os processos que ocorrem na bacia do Rio Pandeiros e nas vizinhas, em especial a do Rio Peruaçu, que também já vem sendo estudada pelo CDTN e pelo IGC/UFMG.

Além dos pesquisadores já envolvidos no projeto, para sua execução serão convidados outros pesquisadores do Serviço de Meio Ambiente (SEMAM) e do Serviço de Técnicas Analíticas (SERTA), ambos do CDTN.

Para o coordenador, Rubens Martins Moreira, o objetivo maior do projeto é a compreensão de como padrões de erosão na região influenciam a descarga e o padrão de circulação e esxudação (transpiração) dos aquíferos que alimanetam a bacia. As ações para alcançar este objetivo incluem a definição das relações de elementos químicos isotópicos nas águas de chuva e subterrâneas, a físico-química das águas no aquífero e nas fontes, bem como as suas origens. Outra questão a ser abordada é a repartição das águas do aquífero entre a bacia do Rio Pandeiros e as bacias vizinhas, com ênfase na bacia do Rio Peruaçu, a eventual existência de diferentes aquíferos e possíveis interações entre os mesmos e a identificação e caracterização evolutiva de voçorocas na bacia.

Os resultados do projeto serão reportados na forma de relatórios para a Fapemig e em publicações em periódicos especializados. Na medida em que alunos de pós-graduação serão envolvidos no projeto, ele também vai gestar dissertações de Mestrado e teses de Doutorado. A duração prevista para para a execução do projeto é de 36 meses.